Nesse ano de 2012 eu aprendi tanta coisa…Nem sei se a palavra “aprender” é correta para o que quero expressar…digamos,incorporei nossos hábitos.Bom,melhor assim!
Ouvir rádio,ler livros com prazer(e que eles não são coisas de ‘apenas quem quer ser professor ou poeta…),fazer compras pela internet,entrar em fã clubes,querer ser como todo mundo,saindo do isolamento… Bastante coisa,não? Pra mim,pelo menos foi…
Por um lado é ótimo,pois o rádio e os livros me fazem viajar a outra dimensão,me tiram do tédio,me alimentam de cultura,afinal,também tenho muito essa espécie de fome… Com as compras pela internet,posso ter coisas mais variadas e mais baratas,assim economizando dinheiro e podendo comprar mais…
Mas por outro lado,a ambição e o desejo de consumo aumentaram muito.Vou todos os dias aos sites que já me certifiquei que são confiáveis para caçar promoções.Sim,caçar,literalmente.Olho o site minunciosamente... Fico chateada se não acho uma promoção de algo que eu queria,mas mais ainda se está em promoção e mesmo assim não posso comprar! Como se não bastasse desejar computadores,smartphones,tablets,notebooks,câmeras digitais e todos os artigos tecnológicos,agora desejo também os livros,muito…
Fico pensando se essa evolução,ganho de conhecimentos,foi boa pra mim,ou se só fez eu ficar mais ambiciosa.Sorte a minha que junto com a ambição também tenho o amor e a lealdade,ou acho que me tornaria uma pessoa desagradável.Sorte que eu soube que salvar a vida da minha cadela foi mais importante que um presente caro,embora eu mantivesse a esperança,até o último segundo,de que daria pra fazer os dois…Esperança ou ilusão,mas ‘anyway’,me mantém mais calma…
Fico refletindo e pensando se eu não era mais feliz quando criança,e meu pai,quem eu tenho me lembrado todos os dias e chorado,me ensinando a jogar piões e eu ria,ria,achava aquilo mágico… Mas é claro,choro em silêncio o máximo que consigo,pois se minha mãe escutar,vai se sentir impotente,tanto por ter perdido o marido quanto por me ver triste por isso e não poder fazer nada.Porém quando o choro fica alto,e ela insiste em perguntar o motivo,digo que foi a Depressão,ou algum amigo que brigou comigo… Bom,não é totalmente mentira.Se digo que briguei com alguém,não posso dizer o nome da pessoa,ou a leoa que chamo de mãe vai logo querer falar com o indivíduo…
Ai,em alguns momentos,como esse por exemplo,eu noto que toda essa ambição é tapa buracos…como vi no Facebook uma vez: “Todos temos ambições,mas no final nos damos conta que as pessoas mais simples são mais felizes”…
Buscamos substitutos para as coisas que não compreendemos…mas não tem outro jeito! Se as coisas são incompreensíveis/inalcançáveis,o que mais podemos fazer?!
A morte,por exemplo.Assisto tantos filmes sangrentos,leio livros de batalhas…me divirto… Mas no final,acabo vendo que a “Dona Morte”,como é chamada no The Sims,é uma grande troll…bom,essa é uma palavra bonita… eu diria quase desgraçada,porém não consigo imaginar nós,humanos falhos,vivendo pra sempre…
Eu queria o meu pai de volta,que tanto povoa meus pensamentos.Será que ele está por perto? Céu? Terra? Não sei de nada! Só sei que quero que as lembranças se apaguem,ou pelo menos,fiquem bonitas e menos dolorosas!
Nunca conheci o real horror da guerra física,mas na psíquica,digamos que eu sou calejada…Tão calejada a ponto de escrever esse blog… Quando escuto tiros de um morro próximo,tremo e procuro logo abrigo…atrás do sofá,por exemplo.Se tiver alguém comigo,ri e pergunta cadê minha coragem.Sei que fazem isso por brincadeira,mas não fazem ideia de como me humilha…Bom,mas como não tenho defesa contra isso,o que tenho a fazer é me esconder mesmo… A atitude mas sensata,sem a emoção que costuma tomar conta do meu ser… Porém,quando estou muito depressiva,pouco me importo com qualquer coisa,sejam tiros,raios,trovões…ciclones…
Mas eu me preparo tanto para uma guerra,que nunca aconteceu…Ou pelo menos aconteceu e acontece,internamente…Procuro sempre ter ‘reservas’,como por exemplo,sempre quero comprar shampoo,sabonete,cereal,leite etc antes de acabar,pois tenho muito medo que acabe e eu fique sem.A paranoia é assustadora…Quando há algo acabando,vou usando menos.E guardo meus arquivos também,como músicas,imagens etc,não apenas para não ter o trabalho de baixar tudo sempre,mas pensando que caso eu não possa acessar mais a internet,terei alguma coisa… Estive lendo Jogos Vorazes,e me identifiquei com a situação deles,mesmo que ela constantemente apenas aconteça em minha mente…
Porém tem um fundo de verdade,como o post sobre Baltazar e Firmino… e nem mencionei Margarida,a mulher que disse que se “aquela mulher (minha mãe) aparecesse no enterro (do meu pai) não seria admitida”… Na época,eu com oito anos,um tio disse à minha mãe: “Esqueça,Maria*.Não vá.Se aquela mulher te destratar,sou capaz de não responder pelos meus atos.” É mesmo,vadia? A mulher que viveu 10 anos com ele,não seria digna?
Quando penso nisso,uma fúria irremediável me envolve,e tenho vontade de quebrar todos os dentes daquela puta,sem nenhuma consideração,da maneira mais dolorosa que eu conseguir,pela insolência.Ou qualquer coisa que a fizesse pagar 1/10 do que sinto…
A mim,ela e os outros “permitiriam”,porém eu preferi guardar a imagem do meu pai vivo do que ele sendo enterrado,ainda que na morte dele eu não tenha chorado uma lágrima,pois estava com muita raiva pela separação… Bom,não chorei naquela época… Estou chorando tudo hoje em dia,com juros.E aliás,é assim que minha mãe diz que a justiça dos homens ou a de Deus se encarregará.Tarde,mas com juros.E sempre respondo: “Se não for eu,não tem graça.A coisa é pessoal,afrontaram algo muito precioso,minha família,e família é mais que sagrada,vale tudo por ela.”
Então,saindo disso,mas não totalmente,volto a meus personagens…
“Padrinho”,pra ele a família também era a coisa mais importante.”O homem que não se dedica à família,jamais será homem de verdade”(será o dia mais feliz da minha vida no qual eu me casar com alguém que compartilhe da mesma filosofia!)… Quando ouço a essa música,ou vejo o filme,é quase como se eu visse meu pai novamente,sentado numa poltrona ou jogando sinuca,assistindo ao futebol.
https://www.youtube.com/watch?v=Z0gPAwTj_Ok
Não me lembro das preferências cinematográficas dele,mas por algum motivo,o Padrinho o lembra muito.Talvez sejam os cabelos brancos… Se meu pai fosse vivo,estaria com cerca de 74 anos…
Bom,não gosto de ficar resmungando a morte dele pros outros,por vários motivos.E um deles é conhecer mulheres que perderam seus filhos.O que na minha opinião,é muito pior.Já que enterrar pai e mãe é a lei natural da vida,e enterrar filhos é algo totalmente fora do normal,pelo menos pra mim.Mas minha terapeuta disse para eu ser menos dura comigo mesma,que é normal sentir falta,sofrer,ficar triste.Não há “medidor de tristeza” nem “tabela de tristeza”,que “você tem de ficar x% triste”…