quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Definições de medo

Eu,desde bem nova,sempre tive vários medos,como de escuro,fantasmas…e posteriormente,quando religiosa,do fim do mundo,julgamento e tal…

Meus medos não vieram do vento,têm explicações: Quando eu fazia algo errado,respondia mal ou algo assim,meu pai apagava a luz e fazia uma voz assustadora,acho que era pra eu ficar com medo e pedir desculpas…

Fantasmas? Deve ter sido coisa de filmes infantis,e também,quando eu tinha 4 anos e estava assistindo TV,deitada na cama,sozinha no quarto,tive a impressão de ver nitidamente meu avô materno,que morreu antes de eu nascer.Mas deve ter sido a foto que minha mãe me mostrou pouco antes,e ficou na minha cabeça.Nunca dei muita atenção à isso,não foi tão assustador.Mas até hoje,não sei o que achar.Quando eu estava na igreja,diziam que se víssemos um ente querido que já partiu,era um demônio se passando por ele.Bem,não sei de nada.

Fim do mundo? Apocalipse? Julgamento Final? Esse era o que mais me assustava.Ouvia tanta coisa na igreja,de transbordar os ouvidos: “Temos que ser corretos,não falar palavrão,não brigar,não sentir ódio,honrar com o dízimo,ser batizado no Espírito Santo (depois de adulto),não fazer sexo antes do casamento,não ser homossexual…”

Eu jamais diria isso naquela época,mas porra,pra ir pro céu tem de ser santo? Se você for simplesmente humano,sentir as sensações normais da carne,você vai pro inferno? É isso?

E curiosamente,conheci pessoas “mundanas e sujas” mais humanas e gente boa do que pessoas “da santa igreja”…

Não virei a “Senhora Coragem” de um dia para o outro,mas as coisas que eu temia,pelo menos por agora,parecerem tão insignificantes,ou pelo menos,bem menores.Não sou ainda do tipo que assiste filme de terror e dorme logo em seguida,mas por exemplo,se eu escuto uma porta ranger,não acho mais que seja coisa de outro mundo.Penso no vento,ou minha cadela que passou por ela…e mesmo que eu pense em “seres sobrenaturais” é como se eu não tivesse mais tanto medo.Eu quase digo: “Seja quem for,venha conversar comigo.Não tenho medo.” Alguém abre uma porta de supetão atrás de mim? Fico tranquila.Antes,pulava da cadeira e meu coração disparava.

Agora,o que me mete medo de verdade,ou algo parecido,já que às vezes não consigo sentir nada,nem de bom nem de ruim,é a depressão.Esquecer datas,horários,nomes… sentir vazio sem motivo aparente… Não me importar com quase nada.Sentir agulhadas,dores e correntes elétricas pelo corpo,não sendo tocada por coisa alguma… A depressão mudou muito a minha definição de “assustador”.

Por exemplo,agora,falam muito de data de fim do mundo.Tal dia,tal hora… Antes,eu me apavoraria,mas agora,estou mais preocupada se daqui a meia hora eu conseguirei mexer as pernas,braços…se não vou ficar tonta…se vou conseguir levar comida até a boca,ou se não vou comer desesperadamente…

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